segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sobre o filme "The Sunset Limited": 2 formas de encarar religião, vida e morte

Demorei tanto pra escrever que só lembro mesmo as sensações que tive ao ver esse filme... Mas enfim, ai vai um resumo:

Apesar do título em português nada convidativo (No limite do suicídio), é um filme valioso pra quem busca respostas. Se vc se está “feliz pelo senhor ter te concedido o domingo prá ir com a família no Jardim Zoológico dar pipocas aos macacos” não perca seu “precioso” tempo com esse filme. Se espera cenas de ação idem: são apenas 2 homens em um cômodo por 1h30, e eles não irão fazer sexo mas sim falar de temas controversos como religião e morte.



White (Tommy Lee Jones) é um professor ateu, “salvo” pelo evangélico Black (Samuel L. Jackson) bem na hora que White ia se jogar na frente de um trem. Black leva White pro seu apartamento suburbano, e lá fica tentando convencer White a mudar de idéia, com sua visão “otimista” de vida, com argumentos que, na minha opinião, beiram o patético. É uma pena terem associado a figura de White com a de um suicida... o que me marcou de verdade no filme foi a postura de White diante dos dilemas existenciais... um dos motivos que nunca consegui ser “fisgada” por nenhuma religião (e olha que testei na prática 9 delas) é a minha repulsa pela alienação, que parece ser um “efeito colateral” comum aos seguidores (e muito conveniente para os lidere$ religioso$, diga-se de passagem), como o personagem Black.

Abomino o suicídio, uma forma covarde de fugir, ou melhor, de negar nossa incapacidade de lidar com os problemas cotidianos. E como diria Jung “tudo que resiste, persiste”, ou seja, quanto mais fugimos de um problema, mais o danado aparece na nossa frente pra que a gente vivencie o aprendizado necessário. Mas daí a viver uma vida miserável (como aparentemente é a vida do Black) se ancorando num deus incapaz de te dar respostas convincentes e racionais, e que se vc cometer um “erro” (ou mesmo um crime!) só vai te pedir em troca X “aves-maria” e alguns trocados pra sua igreja... Prefiro me questionar, ver onde estou errando e achar uma saída por mim mesma.

Não tenho esperança que esse filme vai “despertar” uma consciência crítica nos fanáticos religiosos, mas se eu tinha alguma dúvida de que prefiro ser racional e realista (alguns podem chamar de pessimismo, não ligo) a ter uma felicidade artificial, esse filme só reforçou isso dentro de mim.

O sofrimento é necessário pra que a gente amadureça nos tornemos pessoas melhores, não tem como “pular” essa parte do processo. Tem como “amenizar” com drogas, álcool, horas hipnotizado na frente da TV, ou pulando num culto qualquer. Mas e ai, isso não é uma forma de suicídio também (porém mais lento)? E se a pessoa segue sua vida negando suas responsabilidades já que “seu deus” foi pra cruz pra que a humanidade pudesse pecar à vontade, não é uma forma de “assassinar” suas relações e magoar os que supostamente “ama”?

Acho justo esclarecer que existiu um gatilho (mas não o que me manteve todos esses anos agnóstica ou “quase atéia”) pra essa minha insubordinação à figuras autoritárias, que foi a base da minha relação com a figura paterna. Aliás, me acho muito da sortuda por ter tido as experiências que tive com o “masculino”, senão seria bem provável me ver por ai tentando aliciando fiéis pra minha igreja!

Não deixo de fazer algo pelo medo de “deus vai me castigar” (e quando Ele não está “olhando”, o que fazem os religiosos?) mas por ter visto na prática que tudo que fazemos (de bom ou de mau) volta pra gente, NESSA vida. Como eu quero que as pessoas sejam legais comigo...

Enquanto muitos ditos “crentes em Deus” jogam seus animais de estimação nas ruas depois que eles deixam de ser “bonitinhos” (se eu não me engano 85% dos cães e gatos de rua em SP tiveram donos antes), já catei 6 (2 cachorros e 4 gatos), tratei,e hoje dormem no meu quarto.

Procuro levar uma vida coerente e sem hipocrisia. Minha religião é a ÉTICA. Ah, isso quer dizer que sou santinha? Não sou tonta, se uma pessoa não me trata bem, não me relaciono, não troco nada com ela. Na pior das hipóteses, se eu tiver muito p. da vida pago na mesma moeda, sem juros nenhum. Se uma pessoa é legal, nada mais justo e lógico que ser legal com ela. Só isso, sem ilusões, simples assim.